sábado, 11 de março de 2017

Causo - Na roça, a turma pinxa traíra com perereca viva!!!

Aooooooooooooo pescadozada matuta aqui da roça sô do cééééu!!!!! Hoje vou contar um conto acontecido aqui no sertão da roça e se vocês não acreditam, carrrrrcule!


Uma vez, no ano de 1995 numa sexta-feira maior e com a fase da lua na cheia, boa pra pinxar as ditacujas, eu pinxava muito com isca naturar aqui no sítio do tio Tonho e vara de bambú com linha 0,80mm e anzor 6/0 prateado de arguma marca duvidosa é o que eu lidava nessa época e meu tio também, pois ainda não tínhamos conhecimento aqui na cidade de varas telescópicas, só quando meu primo que morava lá no Japão trouxe para nós umas de fibra de vidro e nem carbono era ainda.

Com 14 anos, resorvi passar 2 semanas de férias da escola lá no sítio (época que eu não tinha precisão de saber o preço do leite da criançada.... época boa de verdade viu!) e chegando lá meu tio contando que tinham pescado 2 dias antes 10 "tarairas" de quase 2 kg. Meus zóio brilharam e falei pro tio se podíamos pescar na manhã seguinte... ele disse que tava combinado mas era preciso caçá umas pererecas coachadeiras que ficavam perto da caixa dágua véia que servia de bebedouro para as vacas lá no pasto e era pra gente pegar quase escurecendo, onde era só tacar a lanterna nelas.

Umas 20h daquela tardezinha de outubro (nessa época ainda era quente) fomos a caça, ele com a lanterna e eu com o barde branco vazio de 5lt de gordura vegetal que meu tio usava pra por leite ordenhado das vacas dele. Chegando lá era só perereca coachando e enchemos pela metade o barde, tampamos o latão e deixamos perto da churrasqueira do lado de fora e fomos dormir.

Os aguapés perto dos troncos de coqueiros eram parecidos com este!
Amanhecendo tomamos café com pão e manteiga, pegamos as varas de bambú, SEM BÓIA, e iscamos as pererecas pelas costas em 10 varas na beirada do açude onde vivem as piavas de kg e curimbas do lombo preto e deixamos lá de espera.... nessa época o açude era bem sujo, onde tinha muito aguapé na beirada do açude e uns coqueiros na beira dágua e era morada de traíra grande naquelas bandas, onde já tiraram de até 5kg!!! Moçada do céu... não deu nem meia hora e deu um solavanco que a vara até tremeu o barranco onde eu estava e a vara virou a letra "U" de ponta cabeça de tão vergada que ficou.... dei uma chasqueada mas a diaba escapou.

Fui iscar novamente e puxou as 9 varas de uma vez que eu pensei que fosse o fim do mundo, eu e meu tio fomos correndo chasquear as baitelas, mas escapou todas... parecia até coisa do cruzaruim sô! Só de réiva.... de rééeéiva mesmo, isquei um baitelo de um anzor 8/0 com 3 perereca de uma vez na vara de bambu que parecia mais um coqueiro de tão grossa que era a vara e deixei naquele lugarzinho de aguapés juntados num canto e larguei, virei a costa pra sentar e quando olhei as marditas das pererecas todas em cima do aguapé, não sei como subiram ali mas pareciam que tavam tirando sarro da minha cara as dinhonhas, tirei a vara e lancei novamente até afundar. 

As pererecas quando treparam no aguapé pareciam com esta, fugindo das traíras grandes que tem por lá!
Dai bateu uma calmaria no rio e os peixes pararam de puxar, fiquei sentado próximo a vara de bambú e nada.... cheguei a cochilar de sonhar até... e quase cai dentro do rio, de repente deu uma juntada nessa vara que parecia até piava de 15kg quem tem por aqui de tanto que cantava a linha, tive que me segurar no coqueiro com a vara acima da minha cabeça, o coqueiro começou até a balançar com os solavancos dos puxões da baitela do trairão!!!! Ficamos nessa peleja por meia hora e a bicha não saia do lugar... depois disso meu tio veio me acudir e seguramos o caniço com força pra erguer a ditacuja e mesmo assim saiu lã pra levantar essa diaba de vara, quando apareceu a cara da bicha eu já estava com dor na coluna... 

Fiquei apavorado de medo na hora que a diaba puxou.... Seeeeenhoooor viu!!!!!
Senhor Bom Jesus da Lapa viu... quase tive um troço de ver aquela cara cheia de dentes com olho meio negro, lombo escuro e as escamas brilhando parecendo ouro de tão amarelona que era. Ela olhou pra nossa cara, deu uns solavancos de cabeçada parecendo se despedir e deu aquela rabada parecendo uma mão aberta batendo com toda força na flor dágua e quase derrubou eu e meu tio que até a doida levou a vara de bambú embora, jogando água em nós dois, foi passando pelo barranco a traírona com a vara na flor dágua navegando junto e foi levando as outras varas junto com ela.

Resumo da prosa pescadozada: só de oiá a cara dela tinha, pelo menos, uns 18kg de traíra a amarelona pela força que fez e o tremor na terra que deu quando fugiu.... Não acredita nessa minha prosa de pescadô? JUUUUUURO QUE É VERRRDADE SÔ!!

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